Arquitetura - Cris Schmitz

RESTAURAÇÃO DE LILIESLEAF

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Um lugar histórico na África do Sul

“O primeiro passo para liquidar um povo é apagar sua memória. Destrua seus livros, sua cultura, sua história. Em pouco tempo, a nação começará a esquecer o que é e o que era.”   Milan Kundera

 

Liliesleaf era apenas uma propriedade rural, no bairro de Rivonia, em Johannesburg na África do Sul, de uma família de classe alta, branca, até 1961. Foi  lá que Nelson Mandela, ativista político na  luta armada  contra o regime do apartheid, que dividia os habitantes em grupos raciais (“negros”, “brancos”, “de cor” e “indianos”), escondeu-se em 1961, fingindo ser um dos trabalhadores do local, juntamente com diversos outros ativistas.

Vista aérea de toda fazenda - casa principal à frente
Casa de palha

Com o apoio dos proprietários de Liliesleaf, aconteciam na fazenda as reuniões secretas do grupo contra o apartheid, um lugar, na época, isolado e distante do centro. A fazenda possuía a casa principal muito grande, usada pelos proprietários, com alguns anexos para serviços, e casas mais simples para os trabalhadores locais. Por ser de propriedade de uma família branca, rica, e ter diversos trabalhadores, o imóvel foi oportuno para ocorrerem as reuniões secretas entre 1961 e 1963.

Arquitetura contemporânea inserida após a restauração

Um dos edifícios originais mais antigos de Liliesleaf, a  Casa de Palha, foi onde a liderança do movimento de libertação realizava suas reuniões e onde eles foram presos em 11 de julho de 1963, devido a uma denúncia, quando a polícia invadiu o local e prendeu alguns dos ativistas, dentre eles, Nelson Mandela.

Liliesleaf foi restaurada pelo governo africano, tornando a propriedade um museu, com edificação contemporânea e que conta a história do grupo de Rivonia, a luta pela libertação do regime do apartheid. A casa de palha foi mantida na sua originalidade, assim como o quarto onde Mandela dormia, retratando a realidade da época.

Sem dúvida, a preservação de Liliesleaf é um dos patrimônios arquitetônicos culturais da África do Sul, contando e mantendo a história pelo fim do apartheid. Uma visita que deve estar na lista de todos que visitarem o país.

Fotos: Cris Schmitz

Cris Schmitz é arquiteta, antenada, e coordena o escritório Cris Schmitz arquitetura&interiores

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