Mentoring - Paulo Beck

INVESTIMENTO DE RISCO: ABUNDANTE PARA STARTUPS COM TECNOLOGIAS INOVADORAS

INVESTIMENTO DE RISCO: ABUNDANTE PARA STARTUPS COM TECNOLOGIAS INOVADORAS

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O mundo do capital de risco ou venture capital, como se diz nesse mercado de investimentos, está atualmente nadando em capital, e essa inundação não parece estar diminuindo com a pandemia, pelo contrário.

A transformação digital associada à inovação tem mudado o jogo para os capitalistas de risco e suas empresas investidas, antes focados em uma única área geográfica, buscando startups locais para, agora, cobrir startups em todas as regiões geográficas. Um novo mundo emergiu da pandemia, totalmente renovado e diferente.

Muitos daqueles que usavam da própria força e inteligência corporativa para competir, mas que não enfrentaram as dificuldades para se adaptar à nova Era Digital, já estão fora do jogo. A realidade é que as empresas estão loucas atrás de tecnologias, métodos e ferramentas, quase que implorando aos clientes que não os deixem para trás. Mas como esperar por alguém que não demonstra mais capacidade para correr e competir?

As captações de fundos de capital de risco mudaram e continuam mudando na tentativa de se adaptar ao aumento de fundos circulantes e outros novos veículos de capital semente, muitos recém-criados para atender à demanda de startups e de empresas de tecnologia de diversos estágios, num mundo agora plano.

A PANDEMIA ATRASOU SUA EMPRESA?

A pandemia criou um senso de urgência, e muitas empresas que haviam adiado a compra ou o investimento em tecnologia e que não se atualizaram às novas exigências de mercado, de repente, viram-se em um mundo com prioridade para o digital (ou apenas digital) e, portanto, houve uma atração massiva por empresas e produtos de tecnologia. Por essa razão, muitas empresas e startups tiveram trimestres recordes incríveis.

Como as gestoras de investimento captam recursos de investidores e têm um certo prazo para aplicá-los, geralmente de dois a cinco anos, não podem esperar até que a pandemia passe e as coisas se resolvam. Como o tempo é pequeno para todo esse processo (selecionar startups, colocá-las numa planilha chamada dealflow e iniciar rodadas de investimento), os investidores foram de fato às compras no último trimestre de 2021. Entretanto, isso não pode ser uma aventura, pois necessita de cuidados e limites. Requer estratégia e cautela, e uma boa dosagem de visão e paixão.

Dito isso, o que vemos é que muitos investidores de risco pegaram carona nesse campo magnético e têm investido num ritmo mais rápido que anteriormente. Para empresas com produtos bem posicionados nessa nova Era Digital - mesmo em estágio inicial de crescimento e de qualquer setor - existe uma oferta incrível de investimento de risco para essas startups.

TECNOLOGIA APLICADA EM MÚLTIPLOS SETORES

No meio das startups, sabemos que uma solução tem chance de êxito, quando ela resolve a dor de uma determinada persona ou de um conjunto delas em torno de uma vertical, de um setor, de uma indústria. Normalmente, essa solução vem encrostada por uma tecnologia aplicada que, nos dias de hoje, pode ser inteligência artificial, algoritmos, realidade virtual, sensores, internet das coisas ou muito mais que venha dessa fonte.

 

SEU NEGÓCIO AINDA É... “ATRAENTE”?

Durante a pandemia, muitos setores se viram em uma situação debilitada, claro, não apenas pela ausência de clientes, mas por estarem definitivamente com as portas fechadas. E, quando estas foram aos poucos se abrindo, o pior foi ver que os clientes não entravam mais. Cabe um olhar para as atrações criadas no passado recente e que hoje não conquistam mais, enfim, todos os ativos e atrativos viraram museu.

Com a chegada de novas tecnologias incorporadas em produtos e serviços, setores como a saúde e o varejo tiveram um impacto drástico na forma de fazer negócios. Nós mesmos sentimos essas mudanças acontecerem em um punhado de meses, seja na forma de comprar, de fazer uma consulta, de pesquisar um produto ou um médico, tudo mudou. Temos que nos familiarizar com os desenvolvimentos mais recentes, para sermos capazes de controlar a tecnologia e não o contrário.

Você tem medo de que robôs assumam as funções de enfermeiras, médicos e outros profissionais da saúde?Você tem medo de fazer um teste genético porque ele pode revelar o dia da sua morte?

As jornadas fluidas e sem atrito do cliente se tornarão ainda mais fundamentais, e as tendências de varejo existentes em relação ao bem-estar, sustentabilidade e comunidade irão acelerar à medida que os consumidores se tornem mais criteriosos sobre como gastar seu dinheiro suado.

TECNOLOGIAS PARA SE INVESTIR EM TEMPOS DE PANDEMIA

1. Inteligência artificial

Eu acredito que a inteligência artificial tem o potencial de redesenhar a saúde, o varejo, o agro e as finanças completamente. Os algoritmos de IA são capazes de obter dados de compra, de tempo e extrair registros médicos, projetar planos de tratamento muito mais rápido do que qualquer outro atual na paleta de saúde, incluindo todos profissionais de hoje.

2. Multi-canais

Os consumidores não pensam em canais, eles querem comprar em qualquer lugar. Pesquisas afirmam que 65% dos consumidores já indicam a capacidade de “comprar em qualquer lugar” como um fator crítico na escolha de onde comprar. Os varejistas mudaram: de uma mentalidade omni-channel para uma experiência de cliente completamente “sem atrito”, que atende os consumidores onde quer que estejam. Isso é especialmente crucial no contexto da adoção digital, acelerada pelos consumidores como resultado do COVID-19. Essas soluções já estão recebendo aportes incríveis de capital de risco, afinal,, se bem estruturadas, podem fazer a diferença para um comércio “louco” para retomar.

3. Realidade virtual

A realidade virtual (RV) está mudando a vida de pacientes e médicos. No futuro, você poderá assistir às operações cirúrgicas como se empunhasse o bisturi ou assistir a uma aula dentro do corpo humano sentado no sofá. Essas tecnologias, se bem aplicadas pelas startups para atuar como um analgésico para a dor dos clientes, podem trazer grandes apostas de investidores ávidos por tecnologias transversais, aplicáveis nos setores da saúde, do varejo e da educação.

4. Santuários de bem-estar “digital”

A ideia de uma loja futurista como um local seguro e sustentável de bem-estar ganhou força nos últimos dois anos, devido à crescente preocupação dos consumidores com a saúde e o meio ambiente. O design circular, a biofilia, a eliminação de CO2 e a purificação do ar são todos tópicos emergentes no design de tijolo e argamassa, iniciado por marcas com uma forte postura sustentável. Inspirados pela explosão da indústria de bem-estar, muitos varejistas também começaram a integrar produtos e serviços de bem-estar à oferta da loja. Espera-se um novo mercado de investimento de risco para soluções que incorporem tecnologia associada ao bem-estar, mesmo sendo mais físico do que digital. Dizem que agora, na China, algumas lojas estão com um “cheiro de limpo” e os clientes permanecem mais.

5. Rastreadores de saúde, vestíveis e sensores

Como o futuro da medicina e da saúde está intimamente ligado ao empoderamento dos pacientes, bem como ao dos indivíduos que cuidam da própria saúde por meio de tecnologias, não podemos deixar de selecionar rastreadores, vestíveis e sensores de saúde, do bem-estar, da mente e das coisas - IoT. Eles são ótimos dispositivos para saber mais sobre nós mesmos e retomar o controle sobre nossas próprias vidas. Grande aposta de investimento de risco nos próximos anos.

Enfim, um mundo novo se abriu para os clientes que tiveram que se virar na pandemia, comprar seu almoço na internet, buscar sua informação na web e perceber que tudo, absolutamente tudo, estava acontecendo no digital, e que aquele passeio “no físico” estava cada vez mais distante. E o pior - ou melhor - é que não foi passageiro e que amanhã as coisas não voltarão a ser como eram.

Se você tem uma ideia de negócio inovador ou já está pilotando uma startup em crescimento, não deixe de observar as mudanças e os novos caminhos que a pandemia nos obrigou a trilhar. E lembre-se bem: é preciso primeiro conhecer a persona para, então, saber qual a dor que seu analgésico resolve. Existe um punhado de investidores obcecados por um empreendedor com essa visão.

Paulo Beck é administrador de empresas, empreendedor em série, investidor anjo e executivo corporativo. Com uma ampla trajetória em empresas multinacionais, como a Hewlett-Packard, Paulo é um evangelista e estrategista de diversos programas de inovação, transformação digital e aceleração corporativa. Como investidor e mentor em diversas aceleradoras de startups no Brasil, tem estruturado fundos de investimento semente nas áreas da saúde, finanças, varejo e agro, e participado de inúmeras bancas de avaliação para mentoria e aconselhamento de startups. Atualmente é CEO da GROW, uma aceleradora de startups premium dedicada a alavancar startups em estágio de crescimento.

@pauloricardobeck  /  www.growplus.com.br