Por mais de um ano o mundo foi devastado pelo vírus da Covid-19, e todos tivemos que aprender a adaptar e reorganizar nossas vidas. Talvez uma das mudanças mais agradáveis, no entanto, tenha sido a de desfrutar congregações em ambientes a céu aberto e visitas a restaurantes e bares em pátios e decks, muitos destes agora improvisados em calçadas e até mesmo no meio da rua, onde carros costumavam estacionar.

O espaço foi aberto como incentivo das prefeituras ao redor do país em auxílio à indústria dos restaurantes que foi devastada durante os meses em que o país esteve fechado. Em seu retorno, os restaurantes que sobreviveram foram autorizados a receber sua clientela somente em ambientes ao ar-livre, portanto, foram obrigados a improvisar, já que muitos não tinham esse espaço anteriormente.

Aqui nasceram muitas novas opções charmosas na cidade que não era necessariamente conhecida por seu tráfego de pedestres e burburinho nas calçadas. Lugares, onde antes existiam espaços para estacionamento, agora dão lugar para gramado artificial, árvores, iluminação especial, mesas e cadeiras, música ao vivo e muito mais. A vida nas ruas em Los Angeles explodiu da noite pro dia.

Em meio disso tudo, a adaptação veio a trancos e barrancos. Quem usa máscara e quem não usa? Em que momento deve-se retirar a máscara? Pra ir ao banheiro ou fazer o pedido, precisa usar a máscara? Muitas dúvidas no ar que, a cada drink que passa, foram se dissipando e bem como nos aviões, onde fica a critério dos comissários de bordo colocar ordem na bagunça. Aqui, nesse caso, são os garçons e garçonetes que estão à mercê do povo, muitas vezes inebriado.

No La Bohème, um já bem renomado restaurante em West Hollywood, a competição é acirrada pra conseguir uma mesa, muitas vezes dois meses de antecedência pra que algo possa ser agendado. Depois da reabertura em retorno da pandemia, mais ainda, pois foi laureado pelo Los Angeles Times como um dos melhores cardápios e mais agradáveis ambientes da cidade. Em minha mais recente visita, pude, de fato, confirmar que o ambiente não deixa nada a desejar. O recém-criado jardim que tomou conta de toda esquina (antes onde os carros vinham fazer o valet) dá impressão de ter estado ali há anos. Debaixo das árvores, sentado em um dos sofás de veludo vermelho, ou numa confortável poltrona, pode-se apreciar boa música com a brisa agradável do calmo bairro, e observar a beleza dos transeuntes que a Santa Monica Blvd invariavelmente sempre oferece. No menu impecável, eu destaco o frango rotisserie ao molho Dijon, e, pra sobremesa, o Bread Pudding feito com croissant, que é literalmente inesquecível.

Espaços abertos foram também a resposta pros fãs de compras, e graças ao permanente céu azul e ensolarado de Los Angeles, não faltaram opções de shopping centers a céu aberto, oferecendo, assim, diversas opções de pequena a grande escala, para os mais ávidos shopaholics. Enquanto os mastodontes como o Beverly Center estavam fechados ao público, outros mais descolados como o seu vizinho do outro lado da rua, Beverly Connection, permaneceram abertos praticamente durante toda pandezzmia. No badalado bairro de Brentwood, o Brentwood Country Mart seguiu populoso e criativamente aberto, porém com os atendentes das lojas trazendo as opções de compras para os compradores até a porta. Em Santa Monica, o promenade, mesmo com muitas lojas fechadas, não perdeu o charme e continuou funcionando com algumas lojas abertas.

Neste momento, Los Angeles observa um total retorno à rotina normal, quase como a vida era anteriormente, alguns com suas reticências, mas muitos já sem máscaras e com total desapego à pandemia. Os mais informados, no entanto, alertam: a pandemia ainda não passou. E basta observar a mais recente ordem de uso de máscaras em ambientes fechados, novamente, pra confirmar.