Quando falamos em mercado de luxo, temos que levar em consideração, em primeiro lugar, qual segmento do luxo estamos falando. Afinal, os mais de 1 trilhão e 300 bilhões de euros de faturamentos anuais do setor se dividem em cerca de 12 diferentes segmentos e, cada um deles, com suas peculiaridades e tipos de consumidores.
Se levarmos em consideração a grande parte da população consumidora de algum tipo de produto de luxo, estaremos falando em faturamentos da ordem de mais de 280 bilhões de dólares anuais no mundo.
O Brasil conta com um gigantesco público consumidor de produtos de luxo, como óculos, relógios, perfumes, sapatos, bolsas, cosméticos, hotelaria, gastronomia, produtos náuticos etc. O chamado luxo acessível, que também sofreu quedas de faturamento com a pandemia. O setor de acessórios fechou 2020 com queda de 17%. Porém, a recuperação do setor foi rápida, com os chineses encabeçando a lista dos ávidos consumidores que hoje representam quase 50% de todo o consumo mundial em produtos de luxo.
E para responder a pergunta que muitas pessoas fazem: será que o luxo mudou? A resposta é não. O luxo não muda, ele apenas evolui. O luxo está cada vez mais luxuoso e cada vez mais caro também. O que mudou foi o comportamento dos consumidores do luxo, que, em função da pandemia, foram obrigados a mudar seus tradicionais hábitos de viajar, festejar e consumir nos principais gateways do luxo pelo mundo, como Paris, Milão, Tokyo, Londres e Nova York.
Os mais afortunados, no entanto, encontraram refúgios nos tradicionais resorts badalados como St.Tropez, St. Barthelemy e, é claro, a nova meca do turismo de luxo, a deslumbrante Dubai com suas infindáveis opções de hotéis altíssimo padrão, gastronomia e shoppings, além das inúmeras atividades esportivas e de lazer.
O Brasil foi um dos poucos mercados mundiais onde o setor mostrou grande resiliência com uma queda de apenas 15% em relação a 2019. Os brasileiros, segundo a Euromonitor, gastaram 25,4 bilhões de reais em super carros, bolsas, sapatos, hotéis 5 estrelas etc. O apetite por carros de luxo aumentou no Brasil . Sem poder viajar de avião para o exterior, os brasileiros resolveram investir pesado em conforto dos super carros de luxo e viajar por estradas nacionais. Seguindo a tendência de compras mais conscientes e menos supérfluas, os investimentos em joalheria cresceram. A italiana Bulgari teve aumento de 30% em suas vendas.
As vendas online também cresceram no setor, e o principal fornecedor de luxo via eletrônica, a Farfetch, comemorou o acréscimo de mais de 2 milhões de novos clientes em sua plataforma. O mesmo aconteceu com o site Iguatemi365 que vende produtos de luxo online. Além disso, o Brasil, ou melhor, São Paulo, a capital brasileira do luxo, tem mais uma nova opção com grifes estrangeiras, o CJ Shopping, com varias grifes de luxo exclusivas estreando no Brasil.
Mesmo com o sucesso do online, no entanto, os investimentos em flagship stores pelo mundo não param, pois nada substitui a experiência de fazer compras em um destes templos do luxo. Além de comprar, as grifes estão apostando na retenção dos clientes no ambiente comercial com outras opções. É o exemplo da colaboração entre a tradicional Ladurée, dos deliciosos macarons, com a Maison Dior. O café Dior é um sucesso.
Lojas sensoriais como a Burberry de Shenzen, ou a Hermés na Rue de Sèvres em Paris, ou ainda the House of Dior em Seoul, são exemplos dos novos conceitos de arquitetura para encantar e seduzir ainda mais a clientela do luxo.
Paulo Chiele é um dos principais consultores e especialistas do segmento de Luxo no Brasil e desde 2014 dirige a PRC - Consultoria em Luxo. | contato@prconsultoriaemluxo.com.br