Jardim Botânico

SÃO FRANCISCO DE PAULA RECEBE O MÁTRIA PARQUE DE FLORES

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SÃO 30 JARDINS EM UMA ÁREA DE 50 HECTARES

Um novo cartão postal inaugurou recentemente em São Francisco de Paula, cidade dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. O Mátria Parque de Flores, localizado no km 68 da ERS 235, recebeu um acervo inicial de 7 milhões de mudas de plantas, integrado ao ambiente natural do bioma Mata Atlântica, em uma área de 50 hectares.

Foto: Marcelo Messias

O Mátria, denominação para mãe terra, é dedicado às flores e abriu ao público no dia 26 de novembro de 2021, seguindo o conceito de jardim botânico, com 30 jardins, combinando espécies ornamentais e as que oferecem sombra e frutas. Os espaços foram criados como obras de arte em grande escala, destacando texturas e cores. O investimento é de R$ 25 milhões e está sendo preparado há dois anos, contando com uma equipe de 50 pessoas, gerando mais de 100 empregos indiretos.

Foto: Vanessa Pedrotti

BIOMAS

Os jardins do Mátria estão ligados por 8 km de caminhos feitos para gerar uma experiência única ao ar livre. Outros caminhos também levam os visitantes ao interior da Mata com Araucária que cerca o parque, uma das principais características do bioma Mata Atlântica. Além de jardins projetados no paisagismo, o Mátria apresenta elementos da paisagem natural, como os banhados que são áreas de preservação permanente, o lago e as coxilhas.

A coleção já plantada no Parque conta com 300 espécies diferentes. Entre os destaques estão o roseiral, com mais de 22 mil mudas, cujo material genético foi importado da Alemanha, e um túnel de glicínias de 102m de extensão, um dos maiores do mundo. Ao todo, foram plantadas 12 mil árvores, muitas delas nativas e espécies como Ipê, Oliveira e Gincobiloba. Para o trabalho de irrigação, está instalado um sistema automatizado de 20 km de equipamentos.

Foto: Jô Moreira

O Mátria dispõe de dois restaurantes e outras quatro opções de gastronomia, além de uma programação artística planejada para todos os dias da semana.

O Mátria Parque de Flores tem projeto arquitetônico assinado por Nicholas Alencar, da Alencar Arquitetura, e projeto paisagístico por Juliana Castro, da JA8 Arquitetura e Paisagem, ambos de Santa Catarina, a partir de estudos da topografia e da flora local. A implantação dos ambientes foi executada pelo engenheiro civil Jeferson Mossi da Silva, do engenheiro agrônomo Maicon Possamai Velho e do técnico agrícola Márcio Buffon.

ALGUNS DOS AMBIENTES DO MÁTRIA

Mátria Boulevard – uma construção em semicírculo que abraça o primeiro jardim e oferece área de acolhimento, a Mátria Home (loja para a venda de plantas, produtos marca própria, artigos de jardinagem, decoração, presentes, livros e produtos artesanais), Mátria Boutique, restaurante, sanitários e a bilheteria para a entrada no parque.

Restobar – abriga restaurante, Adega Subterrânea, a Lago Pizzaria e o Atelier do Alfresco, o picnic do parque. Está instalado à beira do lago com 30 mil metros² de área. O deck da construção avança sobre as águas. O projeto arquitetônico acompanha o desenho da natureza e faz o espaço de gastronomia se encaixar na coxilha.

Monumento à Borboleta – espaço criado para proporcionar momentos de reflexão e autoconhecimento. A borboleta, espécie característica do bioma, está desenhada no chão e foi preenchida com flores brancas.

Jardim de Brincar – o espaço apresenta duas obras:  o “Balanço Tempo”, com peças que permitem a adultos e crianças brincar juntos e sentir o corpo balançando ao vento. Outra obra é a escultura “Deslocamento”, uma surpreendente modificação da terra que simboliza o movimento como a essência da vida.

Outras atrações: barcos à remo no lago, Casa Verde Arbóreo (alimentação saudável e artesanal), Mandala de Ervas, Meliponário (abelhas sem ferrão), Mirantes Praça de Fogo, Rosa dos Ventos (Vila das Crianças), Gira-Giras, Túnel de Glicínias, Centopeia de Gangorras, Montanha de Tocos.

Foto: Amanda Piazza

EMPREENDEDORES

O Mátria Parque de Flores é um empreendimento turístico inovador na região e no país que tem como investidores empresários de Santa Catarina. A Onne&Only conversou com Amanda Catharina Piazza sobre o parque e as razões da família escolher esta região gaúcha.

Por que empreender nesta região da Serra Gaúcha?

“A nossa escolha por São Francisco de Paula tem uma história curiosa. Estávamos buscando a Serra Gaúcha pelo potencial turístico e pelo clima. Andamos muito pela região. Quando chegamos a São Chico, fomos escolhidos. Ao visitar uma propriedade que estava à venda há muitos anos, vimos que ela tinha o tamanho e todas as características que buscávamos. O movimento das coxilhas, as águas, a mata preservada, os campos abertos para os jardins. Mas um passeio com toda a família foi revelador, indicando que estávamos no lugar certo. Durante a visita, havia chovido e entramos na mata. Nesse momento, abriu um sol e um grupo de borboletas brancas se movimentou trazendo uma imagem com a luz que foi reveladora para nós. Decidimos, ali, que estávamos no local certo para realizar nosso sonho.”

Desde a concepção da ideia até iniciar o plantio das primeiras mudas, conte um pouco sobre como tudo iniciou.

“Foram dois anos de execução. O trabalho começou com uma ideia da família e o encontro de dois grandes escritórios de Santa Catarina. Um deles, o Alencar Arquitetura, e o outro, o A8 Paisagismo. Os arquitetos Nicholas Alencar e Juliana Castro conseguiram traduzir, cada um na sua área, o que queríamos de forma harmônica e de acordo com a natureza que encontramos, valorizando cada pedaço de terra e a flora local.  São muito talentosos.

Tudo foi planejado e desenhado com muito cuidado. Para a execução, temos dois engenheiros, também de Santa Catarina, o civil Jefferson Mossi da Silva e o agrônomo, Maicon Possamai Velho. Eles são fundamentais, assim como os outros técnicos que trabalham no Mátria. É muita gente comprometida e encantada pelo projeto.

Cada jardim saiu do papel com ajuda de satélites e marcados a cada 30 centímetros para os desenhos ficarem perfeitos de acordo com o projeto paisagístico. Estamos aprendendo muito, todos juntos com a natureza e o nosso propósito, que é também ensinar sobre o cuidado com o planeta e com o que é verde e natural.”

Foto: Marcelo Messias

A arte parece estar muito ligada ao parque. Fale um pouco desta relação arte e natureza que o Mátria está criando no Rio Grande do Sul?

“Nossos jardins já são considerados uma grande obra de arte, desenhados com curvas e cores. Temos um paisagismo ousado e contemporâneo, que inclui peças de design. Até os brinquedos foram pensados como arte. Os prédios do Mátria também têm projetos arquitetônicos que se destacam pela arte. Um deles, o Restobar, foi indicado este ano ao Golden Trezzini Awards.  Temos uma escultura natural, feita a partir de um deslocamento de terra, onde é possível interagir e brincar. Também homenageamos a borboleta, com um monumento na coxilha mais alta do parque. Então, já começamos pensando muito nesta relação. A natureza é a arte maior, daí o nome Mátria, de mãe natureza.  Vamos também valorizar muito a arte produzida por músicos, bailarinos e artistas plásticos da região e do país. Os visitantes poderão assistir a apresentações artísticas por aqui e apreciar o show da natureza o ano todo. Cada estação com sua beleza, suas cores. Vamos poder apreciar a evolução de um grande jardim durante o dia pela luminosidade, ao longo do ano, pelas estações, e com o passar dos anos a maturação e a imposição dos ciclos da natureza. A ideia é nos surpreender sempre. Como a vida, a arte e a natureza.”

Foto: Marcelo Messias

O Mátria se propõe, também, a ter um papel educacional. Há planos de desenvolver atividades com escolas?

“Sim, temos a vontade de desenvolver projetos na cidade, receber jovens no parque. Já iniciamos a questão educacional promovendo cursos de jardinagem na cidade, em parceria com a prefeitura de São Francisco e com o Sebrae. Fizemos uma grande doação de mudas também para o município e incentivamos a alegria e o desenvolvimento das pessoas.”

Foto: Marcelo Messias