Mundo Pet

AMOR QUE NÃO SE MEDE

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Ensaios fotográficos com Cusco Pics fazem sucesso no Instagram e nos álbuns de recordações / Foto: Renata Augustin - @cuscopics

“Companheiro”, “membro da família”, “filho”, “neto”, “amiguinho de patas”. As denominações são variadas para se referir a pequenos animais de estimação, também chamados de pets, numa incorporação da expressão inglesa ao vocabulário informal brasileiro social e comercial. O importante é que esses bichinhos estão cada vez mais presentes na vida de famílias e pessoas solteiras, com uma indústria poderosa para atender a demandas em serviços e produtos. No Brasil, o setor movimentou R$51,7 bilhões, com alta de 27% de faturamento, numa comparação entre 2020 e 2021, segundo levantamento do Instituto Pet Brasil.

Muito desse crescimento se deu em razão da pandemia do Coronavírus, com mais pessoas em casa, com tempo para cuidar de animais e a vontade de ter um parceirinho enquanto trabalha em home office. Aliado a isso, as ações que divulgam adoções - de filhotes a idosos, principalmente cães e gatos – nas redes sociais digitais, como forma de dar conforto a animais abandonados ou de rua.

 

 

Foto: Renata Augustin - @cuscopics
Foto: Renata Augustin - @cuscopics

CLICK DO BEM

Super incentivadora da adoção, a veterinária Renata Augustin, antes de se graduar na área, já atuava como voluntária de uma ONG de animais em Porto Alegre, em 2012, e percebeu a necessidade de ter boas imagens dos animais. A rotatividade era alta e não tinham boas fotos. “Comecei a fotografar com uma câmera pequena no canil, após fazer as atividades como alimentar, limpar e medicar. Uma amiga, filha de pai fotógrafo, viu as fotos, percebeu um potencial nos clicks e me convidou para fazer um curso de graça. Peguei gosto e adquiri uma câmera melhor. Apendi algumas técnicas e pratiquei. A página da ONG começou a ter mais visibilidade até que apareceu minha primeira cliente solicitando meus serviços. Ela tinha adotado um dos animais da ONG. Então percebi que poderia transformar meu hobby em um negócio. Criei uma página no Facebook, divulgando meu trabalho como fotógrafa de pequenos animais, e o nome Cusco Pics foi crescendo”. De lá para cá, tem fotografado cães, gatos, aves, porquinhos da índia, cavalos, tartaruga, hamsters, ratinhos, porco espinho. E os registros podem ser temáticos (Natal, Halloween, Junino), newborn (recém-nascidos), colors (pozinho colorido feito de corante alimentício e não tóxico). Hoje não atua mais na ONG, mas contribui pela causa da adoção. Atualmente, Renata dispõe de um mini estúdio móvel. “Decidi por esse modelo pensando, principalmente, em gatos, animais que geralmente não gostam de sair de suas casas”, ressalta. Uma parte importante do seu trabalho é que, a cada sessão agendada e contratada, a fotógrafa doa uma para animais de ONGs de adoção. Para conhecer a galeria, acesse o instagram.

@cuscopics

COMPANHIA NAS PEGADAS

Quem assistiu ao filme “Errado pra Cachorro” (1963), com o comediante Jerry Lewis, vai se deter em um serviço de passeio para cães que demorou a chegar em Porto Alegre: o dog walker. Entre os pioneiros na capital gaúcha está Juliano Savino. Desde 1997 é dog walker, contando com uma equipe de cinco pessoas que se reveza nos passeios de acordo com os turnos combinados com os tutores, bem como o tipo de frequência semanal contratada. “Como eles geralmente andam em grupos, têm que passar por um treinamento que realizo, para que haja segurança na caminhada”, explica. Quanto ao tempo de duração do passeio, varia em razão do tipo de animal, sendo que alguns são mais resistentes do que outros. “Em nossos passeios, temos diversidade de raças e idades, inclusive idosos, com fêmeas e machos juntos”, complementa Juliano. Na avaliação dos grupos, se evita que dois machos alfa ou duas fêmeas alfa estejam juntos para não haver confrontos de liderança. Juliano também hospeda animais e faz traslados. Sua área de atuação abrange alguns bairros que estejam entre a avenida Carlos Gomes e a rua Ramiro Barcellos. Desde que iniciou o serviço, foram mais de 120 mil quilômetros nestes anos, trabalhando 260 dias por ano e 15 quilômetros por dia em média.

@dogwalkerspoa 

Juliano Savino, da DogWalkersPoa, é um dos pioneiros em Porto Alegre

PANCINHAS NUTRIDAS

Quando o assunto é oferecer um alimento que fuja às tradicionais rações secas ou molhadas produzidas pelas grandes indústrias, o produto artesanal saudável que traga um pouco de variedade à refeição dos animais é bem-vindo, ainda mais quando há azeite de oliva na composição, - uma das gorduras mais saudáveis do mundo que faz parte da dieta mediterrânea para humanos, também é aplicada em biscoitos para pets. Quem desenvolveu a receita é a chef Pérola Polillo, de São Paulo. Formada em Gastronomia, sommelièr de azeite, apaixonada por pets, iniciou uma pesquisa e fez algumas descobertas como: uma colher pequena por dia de azeite faz bem para a digestão dos cães, principalmente aqueles que só se alimentam de ração seca, além ajudar a tratar a halitose (bafo). “Pensei em criar um azeite para cães, e depois decidi por um produto que pudesse atender a gatos também, pois azeite direto para gato poderia não funcionar, embora alguns gatos gostem de azeitona”.  Azeite de oliva tem vitamina K, é bom para coagulação, cicatrização. E para cachorros cardíacos, é recomendável para as artérias, segundo a chef.  “Testei várias receitas, inclui mel, batata doce, ovos, cenoura e azeite. Criei um produto que pudesse ser macio pensando também nos cachorros velhinhos que têm dificuldade para mastigar. Hoje a Olivepet atende somente por encomenda. Para outros estados fora de São Paulo, é preciso consultar pelo instagram.

 

@biscoitoolivepet

 

Biscoitos com azeite de oliva tem receita da chef Pérola Polillo

ENERGIAS ALINHADAS COM TERAPIA

Olhando pelo lado das práticas alternativas, uma terapia de origem japonesa, surgida o final do século XIX pelo teólogo Mikao Usui, tem ajudado animais, o Reiki. Ele pode ser aplicado à distância por um profissional credenciado, como Claudia Murayama, de São Paulo. Assim como a prática é realizada em humanos por meio da imposição das mãos do terapeuta, animais também são beneficiados. O Reiki busca alinhar os centros de energia do corpo (chakras), promovendo o equilíbrio e melhorando a saúde física, mental e espiritual. “Animas são radares de energia. Captam coisas boas e ruins. E isso faz com que eles adoeçam, fiquem fracos. No meu caso, passei a me dedicar ao Reiki por causa do meu cachorro, o Leite Ninho. Tínhamos mudado de cidade e ele passou a ficar muito doente constantemente, ainda filhote. E eu perdi um bebê na gravidez. Uma pessoa me recomendou o Reiki para mim. Eu levava Leite Ninho nas sessões, ele ficava ao meu lado.  Com o tempo do tratamento, vi muitas melhoras na minha saúde, inclusive no meu pet. Anos depois engravidei novamente e tive meu filho. Decidi estudar e me aprofundar nesta terapia”, explica. Além de aplicar Reiki, Claudia é instrutora de cursos nível III, tendo já formado mais de 1000 alunos. Ela também é voluntária e aplica em animais terapêuticos que visitam hospitais. De acordo com Claudia, o Reiki é uma terapia integrativa e não substitui o tratamento médico-veterinário. No entanto, ajuda em casos de gravidez psicológica, alergias, distúrbios comportamentais, stress em razão de mudanças etc. Para conhecer mais o trabalho dela, bem como os cursos online, acesse o instagram.

@claudiamurayama

Claudia Murayama e o furão terapeuta que visita hospitais / Foto: Divulgação

FOCINHOS NAS NUVENS

O transporte de pets em avião ficou mais facilitado em razão de algumas mudanças nos protocolos. Contudo, algumas burocracias precisam ser atendidas de forma que a viagem flua com tranquilidade para o animalzinho e seu tutor. Quem presta consultoria na área é a FlyPet, empresa de assessoria para transporte de cães e gatos, com atuação em todo estado do Rio Grande do Sul, e planos de expansão para mais estados da Região Sul.

Desde 2019, auxilia viajantes sobre trâmites, seja animais viajando com seus tutores ou não. “A ideia partiu de uma demanda pessoal da minha sócia Renata Sesterhenn, médica veterinária, que auxiliou uma amiga de mudança para outro país. Seu animal precisaria ser despachado sozinho”, conta Surian Engel, publicitária e empresária da FlyPet. A aposta neste nicho aconteceu pelo número crescente de pessoas e famílias indo morar no exterior com seus animais, além de pessoas que viajam para outros estados brasileiros. Nestas viagens, principalmente internacionais, exigências podem variar de país para país. “Orientamos o cliente em relação documentos, prazos, exigências sanitárias, questões dos tipos de raças, porte, peso, que são permitidas serem despachadas ou conduzidas na cabine. Conectamos todos os pontos para o cliente, desde o início até o acompanhamento do embarque, mas não operacionalizamos. Até o final de 2022, acredito que tenhamos acompanhado mais de 130 operações”, destaca Surian.

@flypet

Filhos peludos prontos para embarcar com assessoria da FlyPet / Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O DOGUINHO QUE VIROU VINHO

Famoso por circular pelo Hotel Casacurta, em Garibaldi, na Serra Gaúcha, ganhando afagos e a simpatia dos hóspedes e visitantes, o bulldog inglês Barão, de 10 anos de idade, agora é nome de vinho - um branco e um tinto - numa homenagem de seu tutor ao animal de estimação da família.

A hospedagem é um dos clássicos da região. Inaugurada em 1953, pertence à família Nicolini desde 2013. Seu principal gestor, o administrador de empresas Cesar Nicolini também é sommelier de vinhos, professor na área. “Sempre fui apaixonado por vinho, queria desenvolver uma marca própria e batizei com o nome do nosso mascote, que foi inspirado em Baron Philippe de Rothschild - vinícola fundada em Bordeaux, na França. Além disso, nosso hotel é pet friendly. Temos uma ligação muito forte com Barão, que é o meu primeiro cão. Tem temperamento amigável, é bonachão”.

A ideia de ter um vinho marca própria surgiu há quase três anos, entre definir os cortes de uvas que seriam usados e o rótulo. “Preferimos um corte diferente para cada um dos vinhos. O tinto traz as uvas Merlot, Marselan e Tannat, e resolvemos brincar um pouco com o estilo do Barão. A Tannat é encorpada, tem taninos mais duros, o que pode parecer à primeira vista quando se vê uma raça como o bulldog inglês. Já a Merlot e a Marselan trazem suavidade, apesar da potência, - são 3,5 graus de álcool -. Tem maciez e é bem arredondado, assim como Barão. Ele tem aquele corpo todo. Depois que se aproxima, ele nos cativa. A primeira impressão é de durão, mas, na verdade, ele é bem macio, só coração.

Enquanto o vinho branco é um corte das uvas Chardonnay e Riesling itálico, muito usada na Serra Gaúcha, e que é a cara da nossa região. Há uma passagem por barrica de acácia, madeira pouco utilizada em vinhos. Quisemos dar esse ar diferente pensando na peculiaridade do nosso cachorro, que é único”, destaca Cesar. Para apreciar os vinhos Barão, estão disponíveis na vinoteca localizada no Hotel, e por meio da carta de vinhos da Hostaria Casacurta, junto à hospedagem. Também é possível encomendar pelo instagram.

@hotelcasacurta

Cesar Nicolini eterniza seu amado Bulldog inglês Barão em dois grandes vinhos / Foto: Alexandra Aranovich