Sustentabilidade

INICIATIVAS INSPIRADORAS EMPRESAS QUE EQUILIBRAM PROPÓSITO E LUCRO

INICIATIVAS INSPIRADORAS EMPRESAS QUE EQUILIBRAM PROPÓSITO E LUCRO

Aline Fuhrmeister*
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Ativistas recolhem plástico em canal na Holanda / Foto: Divulgação plasticwhale.com

“Classifico as pessoas em três: não educadas, pouco educadas e super educadas. Eu, sendo pouco educado, desenvolvi isso. Super educado, o que você fará pela sociedade?” A pergunta é de Arunachalam Muruganantham, um ativista social indiano que desenvolveu não somente absorventes higiênicos de baixo custo, mas o equipamento que os produz. Graças à patente aberta, sua máquina, facilmente replicável em termos técnicos e com custo baixíssimo, é utilizada em mais de 106 países. Em 2014, o empreendedor, que teve que abandonar os estudos aos 14 anos para sustentar a família, foi considerado pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo e teve sua história contada no inspirador filme “Pad Man”.

Arunachalam é o clássico empreendedor com propósito, exemplo à altura do maior de todos, o bengali Muhammad Yunus, professor de economia na Universidade de Chitagong e fundador do Grameen Bank, o primeiro banco do mundo a conceder microcrédito a pessoas sem acesso a recursos financeiros, especialmente mulheres, permitindo que iniciem ou expandam pequenos negócios e melhorem suas condições de vida, o que rendeu a Yunus o Nobel da Paz em 2006, e o reconhecimento como precursor do setor 2.5. Modelo de negócio do futuro em franco crescimento, o setor dois e meio é formado por empresas que estão no meio do caminho entre o segundo e o terceiro setor, respectivamente, empresas que visam lucro e instituições sociais.

Arunachalam Muruganantham / Foto: Divulgação bloomberg.com
Muhammad Yunus / Foto: Divulgação bigissue.com

São empresas que buscam ser melhores para o mundo equilibrando propósito e lucro, criadas com o objetivo de resolver questões sociais e ambientais complexas, utilizando práticas empresariais inovadoras e sustentáveis. Elas têm o potencial de causar mudanças significativas na sociedade, abordando problemas como pobreza, desigualdade, acesso à educação, saúde e meio ambiente. Este é um mercado ainda pouco conhecido que têm atraído fundos de investimento de impacto, especializados em colocar dinheiro em negócios que dão lucro solucionando problemas sociais, e, é claro, buscando retorno financeiro positivo. A Artemisia, fundada em 2005, que já acelerou mais de 200 negócios, tem um slogan inspirador: “Entre ganhar dinheiro e mudar o mundo, fique com os dois.”

A empresa, que reina absoluta na dianteira, é a Patagonia, criada em 1973 pelo alpinista Yvon Chouinard, uma empresa líder no segmento de roupas e artigos de esportes ao ar livre, eleita a empresa mais sustentável do mundo. Yvon surpreendeu o mundo corporativo em 2022 ao doar a companhia avaliada em US$ 3 bilhões para um fundo não governamental com o anúncio: “A Terra agora é o nosso único acionista.” Todo o lucro não reinvestido é redirecionado para esforços de proteção ambiental como a crise climática e a defesa de terras naturais.

Plásticos e detritos encontrados no canal / Foto: Divulgação plasticwhale.com
Movimento Patagonia em prol do meio ambiente / Foto: Campbell Brewer

Na arquitetura, minha área de atuação, acompanho com admiração a Plastic Whale, que começou produzindo mobiliário corporativo a partir do resíduo plástico retirado dos Canais de Amsterdam e hoje atua em diversos países solucionando o problema do acúmulo de lixo plástico nos mares e rios do mundo. Para se ter uma ideia do problema, em um ano, 8 bilhões de quilos de resíduos plásticos entram nos rios, lagos e oceanos, gerando risco para a vida marinha e para os seres humanos. Além do plástico reciclado, são utilizados na montagem das peças resíduos como aço e sobras de tecidos. E o mobiliário é montado de tal forma que, no final da sua vida útil, pode ser facilmente desmontado para reutilização ou para produzir nova matéria-prima. Por fim, parte da receita das vendas é investida em iniciativas ao redor do mundo que lidam com o problema gerado pela poluição do plástico.

O futuro é sustentável. Inspirados?

Yvon Chouinard / Foto: Campbell Brewer
Plastic Whale: mesa feita do plástico encontrado em canal de Amsterdam / Foto: Divulgação plasticwhale.com

Aline Fuhrmeister é formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS, pós Graduada em Gestão de Projetos pela ESPM, proprietária da DU Arquitetura Estratégica, empresa de arquitetura com foco em projetos de interiores comerciais e corporativos, facilitadora do CoP Mulheres, programa de inovação do Tijolo Hub, palestrante, empreendedora social, fundadora e Presidente da DU99, negócio de impacto social que transforma a vida das pessoas e suas comunidades através de ações de ressignificação de um dia, com a participação de voluntários. Líder social formada pela Falcons University, da Gerando Falcões. Atualmente cursando o programa ProjetoB do Sebrae, com foco em implementação e gestão de ações de impacto socioambientais.

@alinefuhrmeister@duarquitetura @dunoventaenove