Uma das entrevistadas, Saundra teve seu rosto desfigurado pelo ex-marido de forma tão extrema que, por anos, seu próprio filho não a reconhecia e tinha medo de olhar para ela. Hoje, Saundra diz que sai de casa e esquece a aparência que tem, que ainda não é como era antes, mas é um rosto. Esse rosto só e possível depois de muitas cirurgias de reconstrução facial, graças ao trabalho da organização Face Forward. Essa organização, Saur fez questão de apoiar e divulgar desde o momento em que conheceu durante as gravações do filme, pois executam um trabalho tão fundamental para vítimas de desfiguração, e oferecem esses tratamentos de forma gratuita. A Face Forward já fez mais de 500 cirurgias em mais de 200 pessoas, vítimas de abuso doméstico, tráfico sexual, e demais atos criminais.

Eu conheci a Cris em 2004, no começo de nossas carreiras ainda em Porto Alegre, ela uma jovem modelo, e eu um jovem scouter (antes de ser agente, eu era olheiro, caçador de talentos). Nos demos bem desde o começo. O tempo passou, e a carreira da Cris evoluiu, criou asas e tomou vôo mundo afora. Ao longo dos anos, mantivemos contato e continuamos nos vendo pelas agências de modelos e diferentes cidades e países onde moramos, tenha sido São Paulo, Nova York, ou Londres, estávamos sempre agitando algo novo. Uma dessas agitações da Cris foi esse documentário, que acabou nos unindo junto às câmeras. Durante uma viagem à Nova York, Cris me convidou para participar desse projeto dela. Eu, rapidamente, me envolvi e adicionei minhas sugestões e ajudei onde pude. Mais tempo passou, eu fiquei sem ouvir falar do documentário por alguns meses, ou talvez um ano, e, de repente, eu ouvi falar que a Cris estava passando por uma pancada de trabalho para tocar o filme pra frente, enfrentando empecilhos mil (como todo cineasta independente tem que enfrentar). Eu, então, comecei a acompanhar mais de perto, e, realmente, fazer um filme virar realidade é de arrepiar. No final deu tudo certo, pois é como dizem aqui nos Estados Unidos “se não está tudo bem, então é porque ainda não chegou ao final da história”.

Eu fiquei curioso para saber como o processo de produzir o filme, viajar ao redor do planeta entrevistando as mais diversas pessoas dos mais diversos campos de sabedoria, afetou a vida de Saur. “Eu não sou mais tão egocêntrica, e valorizo a minha beleza interior. Eu valorizo o que é eterno, nossas almas, o amor. Minha vida ficou mais rica e mais gratificante” disse a diretora.

Pode ser que o filme tenha perdido a oportunidade de ter o glamour de um tapete vermelho em um teatro histórico em Los Angeles, mas ganhou a chance de uma première virtual, que possibilitou que mais pessoas participassem do evento de 11 partes diferentes do mundo, do conforto de suas casas, que fizessem doações para a Face Forward, e que participassem de um debate virtual com a Cris no final do filme. Fica aí marcada a beleza que existe em deixar o destino tomar conta da vida confiando nos resultados, sejam eles quais forem, pois, eventualmente, o final vai ser feliz, como já diz o ditado.

O filme agora expande para visualização on-line por doações. “Em Busca da Beleza” está em negociações para ser lançado no Brasil, em breve, com screenings de forma virtual. Fique ligado aqui no portal para mais informações. Para ajudar a Face Forward, basta seguir o link: https://www.faceforwardintl.org para mais informações.