Conheci o trabalho da jovem Andressa Lawisch na exposição É Vida!, homenagem aos 45 anos da Agapan, com curadoria de André Venzon, no final de 2016, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli. Fiquei acompanhando a sua evolução, por Andressa ter chamado a minha atenção entre os 100 participantes da mostra no MARGS. Então aluna do Instituto de Artes da UFRGS, de lá para cá a artista porto-alegrense nascida em 1991 também concluiu Mestrado em Poéticas Visuais. Seguiu a carreira com foco em pinturas de ruínas, as quais fotografa e depois extrai, a partir da imprimação, cenas que transmitem não apenas formas e cores, mas odores e silêncio. Das áreas lavadas e fluidas obtidas pela tinta acrílica bem diluída no início do seu fazer artístico, de 2012 a 2015, passou para a textura e a força da tinta a óleo.

Não faz esboços e acha importante aparecerem os erros e acertos do processo, o que “mostra a construção pictórica”. O seu interesse é pela “sensação que a imagem está desmoronando”. No entanto, não tem interesse em realizar uma cópia fotográfica, mas de trabalhar camada por camada a cena que traz em si a melancolia de uma estrutura que abrigou tanta vida, agora destituída de qualquer cuidado ou interesse. Podemos comparar a estrutura a um ser morto-vivo com seu corpo em frangalhos e sua superfície com a pele coberta ora por descascamentos ora tingida pela doença do mofo. Depois de a natureza tomar conta desse corpo, inclusive com toques de verde a se esgueirar por paredes e pisos, essa vida passa por uma metamorfose pelo olhar de Andressa em obras sobre telas de pequenas a grandes escalas. É com as vibrantes cores da tinta a óleo que a artista reinterpreta a deterioração e transpõe para outra dimensão as ruínas contemporâneas.