Turismo

PARADOR HAMPEL. HISTÓRIA, NATUREZA, FOGO E ALMA.

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A história do Parador Hampel se iniciou em 1899, sendo este o mais antigo da serra gaúcha e onde foram plantadas as primeiras 17 mudas de hortênsia, flor que se tornou símbolo da região. A fauna e flora exuberantes - com nascentes de água, lago, três cachoeiras, araucárias, aves, em 21 hectares de área nativa, - fizeram deste pouso um dos lugares icônicos para férias de muitas gerações que o vivenciaram. E, em 2016, um novo momento começou a ser desenhado neste espaço em São Francisco de Paula, que comunga hospedagem, natureza e gastronomia com a chegada do novo proprietário, o chef Marcos Livi, iniciando um trabalho de revitalização que ainda está em processo, mas que preserva sua rica história.

A hospedagem conta com 22 unidades, é pet friendly e trabalha com diária estendida. O hóspede faz o check-in às 11 horas e sai às 17 horas do dia seguinte, sem cobrança adicional, de segunda a sexta. No fim de semana, ele pode ficar até as 15 horas do domingo. “A ideia é que o cliente aproveite a nossa natureza e os almoços, se sinta acolhido, confortável, sem a correria de um check out”, explica Marcos.

Chef Marcos Livi / Foto: Adri Franciosi
Vista noturna Parador Hampel / Foto: Tati Feldens

MARCOS LIVI

Gaúcho de São Francisco de Paula, formado em Hotelaria pela Escola Castelli, ele é o nome por trás das operações do Grupo Bah em São Paulo, leia-se Verissimo, Quintana, Distrito Urbano, Brique com duas unidades, Hamburguer do Mercado, Boca, Napoli Centrale Pizza. É chef de cozinha, consultor, pesquisador, sendo referência no tema, além de palestrante convidado em importantes eventos, como os promovidos pela revista Prazeres da Mesa.

A aquisição do Hampel veio em um momento que Marcos vislumbrou a possibilidade de levar seus eventos ao ar livre para sua cidade natal. “Eu estava envolvido com operações em São Paulo, e o Hampel, com toda sua natureza maravilhosa, fazia sentido com o que eu já estava construindo na gastronomia. Acabei negociando, trocando por um hotel da família na cidade. Ao adquirir, sabia que era um projeto para a vida. Comecei a viajar mais seguido a São Chico e entender o que era aquela propriedade centenária. No início, achamos que deveria trocar o nome, mas percebemos que o nome tem muita força, pois alguém, em algum momento da vida, nesses tantos anos, passou por lá. O Hampel é a história viva do Rio Grande do Sul.  É como a frase do poeta Mario Quintana – ‘o passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente’”.  Marcos destaca que a revitalização de um empreendimento com mais de um século é lenta e requer altos investimentos. Nesse contexto, uma estação de tratamento de resíduos, para proteger as nascentes de água e cachoeiras, está sendo entregue.

VISITANTES TAMBÉM SÃO MUITO BEM-VINDOS

As atividades gastronômicas também estão disponíveis para visitantes por meio de reservas. Um dos destaques é o evento “A Ferro e Fogo”, criado por Marcos em São Paulo e que o chef trouxe para o sul. Nesta programação, o público encontra estações de diferentes tipos de carnes, e os veganos e vegetarianos também contam com um espaço dedicado a eles, com alimentos sem proteína animal. O público pode consumir junto à área aberta ou no restaurante Ana Terra. “O ‘A Ferro e Fogo’ é um projeto cultural e gastronômico que une técnica, experiência, rusticidade, em uma grande celebração ao ar livre”, ressalta Marcos.

A FERRO E FOGO

Nascido em São Paulo, no “Mesa Tendências”, o conceito “A Ferro e Fogo” iniciou como uma aula. “Convidei 20 grandes cozinheiros gaúchos para cozinhar comigo, atendendo mais de 1.000 pessoas. Mostramos o ciclo da lã e da ovelha. Contamos a história que está por trás dessa cultura do fogo. Confesso que tinha um certo receio de levar para o Rio Grande do Sul, pois fazer fogo e churrasco para gaúcho é uma coisa difícil. Cada um tem o seu de estimação. Imagina chegar com ingredientes pendurados num carrossel, não parecia fazer muito sentido. Nisso, percebi que nós [gaúchos] nos apropriamos do churrasco. Na verdade, o gaúcho precisa se apropriar é do fogo”, sugere o chef. “No Hampel, nos dedicamos muito à gastronomia, e ela explodiu rápido devido ao nosso DNA voltado para isso. O ‘A Ferro e Fogo’ deixa de ser um produto gastronômico e passa a ser, nos últimos três anos, um produto turístico. E o que vem a ser isso? Se as pessoas querem uma experiência com fogo na serra gaúcha, vindo de outros estados, eles entendem que essa experiência é no Hampel. Isso tudo aconteceu de forma orgânica, não foi planejado. No domingo do Dia dos Pais, tivemos 11 estados diferentes no evento em São Francisco de Paula”.  

Estações “A Ferro e Fogo” / Foto: Augusto Tomasini

MENU FLORESTA NEGRA

Em 2020, Livi lançou o “Alemão do Hampel”, hoje batizado de “Floresta Negra”, em homenagem a esta região da Alemanha e a um dos melhores restaurantes que a capital gaúcha já teve e recebeu este nome. É um menu revisitado, formado por quatro etapas, trazendo receitas germânicas de uma forma descontraída, com pegadas contemporâneas inspiradas na inovadora Berlim, servido aos sábados. O cliente pode degustar, pausar, sair para passear pelas trilhas do Hampel, e retornar para dar continuidade às demais etapas, pois aquela mesa continuará sendo reservada para ele naquele dia.

Ambiente interno de um dos apartamentos / Foto: Tati Feldens

UMA NOVA FORMA DE OLHAR O PRAZER DE COMER

“Conviver com cliente te ensina demais. Ele me ensinou e fez pensar como o jovem de hoje comeria comida alemã, por exemplo”, diz Marcos. De acordo com o chef, a ideia é não se prender ao passado só porque a imigração trouxe uma forma de preparo e pratos com receitas de uma época. É preciso acompanhar, também, o comportamento de quem consome. As pessoas desejam experimentar sabores que não façam parte da sua cultura, e por que não trazer uma proposta contemporânea? O “Floresta Negra” tem essa pegada. “A cozinha étnica não precisa estar presa ao passado", ressalta Marcos, que questiona, também, toda a jornada do consumidor que frequenta restaurantes: “Comer ficou burocrático. Você se senta, aguarda a comida ou se serve, num ritual repetitivo em qualquer lugar que vá no mundo. Minha ideia é deixar isso mais interessante. Nos meus menus de etapas, o cliente pode saborear a primeira etapa, pausar e ir até o lago, retornar para comer a segunda, pausar e ir até a cachoeira ou fazer a trilha e ainda levar sua garrafa de vinho até um desses recantos. E ele volta à mesa para seguir as demais etapas. Ou seja, ele pode se permitir ficar na mesa o tempo todo ou fazer essas pausas para apreciar nossa natureza. Aquela mesa é dele pelas horas que ele ficar, por isso não trabalhamos com lista de espera se alguém decidir chegar sem reserva”, destaca Livi.

Café da manhã ou almoço pode ser servido junto ao lago ou cachoeira / Foto: Tati Feldens

MAIS EXPERIÊNCIAS E SEM PRESSA

Além de menus em etapas, o Hampel cria atividades que se relacionam com gastronomia, como a caçada aos cogumelos em época específica do ano. Nesta experiência, acompanhado de um especialista no assunto, vai a campo, colhe, e tudo culmina com pratos resultantes da colheita. Mês a mês, são lançados menus para que o visitante tenha sempre uma nova experiência, como a “Cozinha de Santa Catarina”, “Caminho do Tropeiro”, “Peixe de Cabo a Rabo”, “Cordeiro da Entrada à sobremesa”, “A vida é PANC”.

Uma das novidades é a “Cozinha dos Campos de Cima da Serra”, que traz ingredientes de 12 cidades desta região. O Hampel permite que os clientes reservem onde gostariam de tomar café da manhã, que pode ser junto à cachoeira, ou uma mesa exclusiva na beira do lago ou na Casa de Cristal para almoçar, com valores diferenciados.

Atualmente, é o grande polo no Rio Grande do Sul da gastronomia nacional e internacional. Um dos destaques é o “O FOGGO”, evento internacional que traz chefs da Europa e da América. Em 7 de setembro, acontece o “Elas e o Fogo”, com convidadas especialistas na arte da brasa, além de cursos de charcutaria. Nos dias 18, 19 e 20, será realizado o Mesa ao Vivo RS, recebendo cerca de 40 chefs, sendo que no dia 20 de setembro, será celebrado os 5 anos do “A Ferro e Fogo”.

Parador Hampel

Rua Boca da Serra, 445

São Francisco de Paula, Campos de Cima da Serra, Rio Grande do Sul

Reservas: (54) 99692-9717

www.paradorhampel.com

@paradorhampel