São Paulo
ADRIANA CALABRÓ ORABONA é escritora, jornalista e roteirista, considera que viajar é o melhor jeito de estudar o mundo e se permite, em vários momentos, ser uma visitante na sua própria cidade. Às vezes como habituée, às vezes como exploradora, mas sempre pronta a se surpreender. adriana@nblab.com.br
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A CONQUISTA DA EXPRESSÃO

A trajetória do artista paulistano Duda Penteado começou há mais de 30 anos, mas ao escolher ser um exilado voluntário nos Estados Unidos, conseguiu afirmar sua obra e conquistar um local privilegiado no grand monde das artes plásticas.

Duda Penteado acredita que sua carreira na arte muito se deveu a uma decisão, ao mesmo tempo radical e corajosa, tomada há 26 anos, e que envolvia a mudança de país, de costumes e da forma de pensar seu trabalho.   Hoje, ele percebe como ter saído de São Paulo e ir ao encontro da dinâmica americana de pensar a arte tornou possível o resultado que ele obtém hoje, junto a galeristas e colecionadores. “Analisar a própria história fica mais fácil à posteriori, porque enquanto você a vive, com os riscos e as dificuldades, você não consegue fazer uma reflexão”, diz  Duda, que foi  para Nova York ainda na década de 90 com o firme propósito de se expressar por meio de sua obra. Ao se autodenominar com um exilado voluntário, ele não deixa de manter suas raízes brasileiras e as conexões com o país de origem. Filho de uma família de acadêmicos, e desde criança cercado por educação e cultura, seu caminho até a verdadeira vocação foi se estabelecendo aos poucos,  até finalmente decidir-se definitivamente pelas artes plásticas, culminando com sua partida aos Estados Unidos. “Não penso em voltar para o Brasil, minha família está aqui, agora eu tenho neta aqui...”. Ele comenta também sobre as oportunidades do mercado americano que avalia como sendo  “dez vezes maiores do que no Brasil”, uma vez que a arte como investimento faz parte da cultura do país. “Aqui falar em stock market é algo que está na boca do povo e o mesmo acontece com a compra e venda de arte”, conclui ele.

Hoje, suas obras são cotadas em dólares, o que faz com que suas atividades estejam concentradas no mercado externo, mas conta que, no Brasil, realizou trabalhos que muito o orgulham. O melhor exemplo foi a exposição “Raízes e Fragmentos”, uma individual realizada no Museu Afro Brasil que teve grande destaque e durou nada menos do que 11 meses. “O acervo desse museu é maravilhoso reunindo toda a arte indígena e afrobrasileira de uma forma que eu considero completa”, diz o artista. O curador foi George Preston PhD., crítico de arte e professor emérito de História da Arte no City College of CUNY, além de co- fundador e diretor do  Museum of Art and Origins de NYC. Ele avalia a obra de Penteado como “uma pintura direta e espontânea, com afinidade com os dias gloriosos do expressionismo abstrato”. O próprio Emanoel Araújo, artista plástico e diretor do museu, também acompanhou a montagem de perto ao lado de Preston, o que foi motivo de grande entusiasmo para o artista.  Vale lembrar que, durante o processo criativo para esse trabalho, Duda esteve entre tribos indígenas do Xingu e também na Amazônia, o que trouxe a ele uma profunda conexão com sua terra, ao mesmo tempo em que já possuía um olhar de estrangeiro. Ainda no intercâmbio constante com o Brasil, realizou ainda trabalhos envolvendo arte e consciência social em diversas cidades, como São Paulo, Porto Alegre, Vinhedo, seguindo o modelo do projeto com jovens que há muitos anos coordena como diretor criativo do Jersey City Youth Works Public Art Program, fazendo parte também do conselho.  Nessas ações, de forte impacto, o resultado geralmente é mural público, que além do trabalho ativo dos participantes, se extende a toda a comunidade.

Nas palavras de Reynold C. Kerr, crítico de arte, curador, autor, escritor e palestrante:  “eu diria que Penteado encontrou seu ‘Mojo’! Em seu último trabalho, ele canaliza o legado ancestral metafórico dos espíritos ou almas de Pablo Picasso, Joseph Albers e Jean-Michel Basquiat.

Essas e outras obras estão em um pop up show, promovido pela galeria Cintrón Vidal em diversas cidades americanas, como Dallas e Miami, direcionado a grupos interessados em arte que já estavam conversando durante a pandemia e, com o retorno das atividades, pode finalmente ir a eventos presenciais.

Embora a arte de Duda Penteado seja bastante sofisticada, ou nas palavras dele, repleta de metáforas, e circule em um reduto de colecionadores e entendidos no assunto, ele encontrou uma forma de popularizá-la. Ao lado de sua filha, criou uma linha fashion, em uma linguagem mais acessível, para quem curte artes visuais. Sua arte é impressa em objetos do dia a dia como mochilas, canecas, camisetas que dialoga com um público maior, principalmente os jovens. “Eles são muito visuais e se conectam com esse tipo de objeto” diz ele.

Entre os planos futuros de Duda está migrar para um estúdio menor em Nova York, e manter mais dois, maiores, em Dallas e outro em Miami. “Mudamos o modelo para estar em contato com as comunidades locais. São invenções nossas. Os galeristas com quem trabalho têm visão a longo prazo e os eventos programados  são pensados com antecedências, às vezes um ano antes. Esse planejamento que acontece aqui é muito bom para o artista”.

Para os mais jovens, os conselhos de Duda Penteado são pragmáticos. E o primeiro versa sobre a produção. “O artista tem de criar o alfabeto próprio, ter uma linguagem. Assim é possível inventar algo novo em seu próprio vocabulário. Foi o que fiz ao longo de 30 anos. “  A segunda dica do experiente artista é que eles procurem entender mais sobre o business da arte, para que possam sobreviver dela. “É importante começar estruturando sua trajetória, começando como professores ou em galerias ou museus e, na paralela, ir desenvolvendo a sua prática. Todos esperam você fazer uma grande obra, mas você precisa comer, pagar suas contas. Esse misticismo em torno do artista precisa ser quebrado”, diz ele.

O legado de Duda traz esses dois aspectos e, por isso, o seu nome continua em ascensão nos Estados Unidos, onde algumas de suas obras atingem a avaliação de até 55 mil dólares. Aqui no Brasil, talvez tenhamos de esperar por uma nova individual, ou esperançosamente, uma retrospectiva de seu trabalho. Fiquemos na torcida para que aconteça rápido.

Assista aqui, mais sobre Duda Penteado.

https://www.youtube.com/watch?v=reR8gBhCR8I

www.dudapenteado.com

 

NOVOS ARES

O Canopy by Hilton São Paulo Jardins chega com um estilo despojado, elegante e totalmente alinhado com as novas tendências mundiais de hospitalidade.

Para quem quer curtir o Museu de Arte de São Paulo (MASP), fazer o charmoso passeio pelos Jardins (obrigatório!) e ainda aproveitar a alta qualidade da rede Hilton, precisa conhecer o Canopy.

O hotel, recém-inaugurado, celebra a estreia da marca lifestyle na América do Sul e oferece a hóspedes exigentes e descolados seus 98 quartos, um completo fitness center e dois espaços para reuniões. Os ambientes foram desenvolvidos pela arquiteta Maria Magalhães, com design inspirado na cultura local e privilegiando o bem-estar e o bom gosto.  Na gastronomia, a surpresa fica por conta do restaurante Stella, comandado pelo chef David Kasparian.  O cardápio é tão caleidoscópico como a cidade e exalta a culinária paulistana.  O bar, localizado no centro do salão, traz releituras de coquetéis clássicos utilizando elementos dos biomas brasileiros. Outra novidade é o total alinhamento com a sustentabilidade. Como parte das iniciativas, tem o primeiro sistema de ar condicionado a gás do Brasil além de uma estação de filtro de água em cada quarto para reduzir o uso de plástico. Grande ideia de quem acredita na inovação sem perder o estilo.

Rua Saint Hilaire, 40 – São Paulo - SP

@canopysaopaulojardins

www.hilton.com/en/hotels/grujapy-canopy-sao-paulo-jardins/

É FANTÁSTICA

A nova fábrica da Dengo Chocolates, em São Paulo, oferece um espaço múltiplo, com uma verdadeira imersão no universo do cacau e de outros produtos de origem do Brasil.

Paulistanos e visitantes podem se deliciar com esse novo destino turístico que engloba gastronomia, cultura e entretenimento de uma forma única. A loja conceito da Dengo tem  quatro pavimentos e 1500 m² de área construída, em plena Avenida Faria Lima, região concorrida da capital paulista, e, além dos chocolates, também oferece produtos de pequenos produtores brasileiros, como cafés especiais, queijos e vinhos.

Logo no térreo, o visitante é convidado a conhecer todo o processo de fabricação do chocolate bean to bar – da amêndoa do cacau ao chocolate. A experiência sensorial começa diante de sacas de amêndoas do cacau vindas das plantações no sul da Bahia. Com ajuda de óculos de realidade virtual e interferências sonoras, é possível se sentir na cabruca, onde os pés de cacau crescem cercados pela mata nativa.   A máquina, original da década de 1940 e inteiramente restaurada, também se afirma como uma atração imperdível da minifábrica. De livre acesso, o percurso também pode ser feito com a ajuda de um guia, em horários pré-determinados, principalmente aos finais de semana.

A loja também fica nesse piso e traz a linha de produtos e acessórios Dengo, além de uma grande cafeteria e confeitaria com mais de 40 lugares. O primeiro piso é ainda mais lúdico, projetado para encantar a família inteira. É ali que fica a linda cozinha envidraçada que funciona como um “berçário” de bombons exclusivos,  e também a Estação Meu Dengo, onde o visitante pode produzir suas próprias barras de chocolate, e a sorveteria especializada em sabores à base de chocolates e frutas brasileiras.

O segundo piso é inspirado no litoral da Bahia. Além do restaurante e do bar especializado em drinques de ingredientes brasileiros, com varanda e mesas ao ar livre, abriga também uma pequena adega focada em vinhos nacionais, mesa para confraternização e sala de aula para cursos e degustações.

Por fim, no terceiro piso, um terraço aberto com redário perfeito para fazer uma pausa e desacelerar. Segundo Estevan Sartoreli, cofundador, a Fábrica de Dengo é um presente para a cidade. “É um espaço que celebra o cacau e o chocolate, mas que também cultua os sabores, a arte e a cultura do país. Nossa intenção é revelar os sabores do Brasil para o brasileiro e para turistas de todo o mundo.” Chocólatras de plantão, essa dica é imperdível!

Avenida Brigadeiro Faria Lima, 196, Pinheiros, São Paulo

@dengochocolates

dengo.com/fabrica

Adriana Calabró Orabona

adriana@nblab.com.br